quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Agropecuária no Vale

Os levantamentos indicam a existência de 35,5 milhões de ha aptos à agricultura de sequeiro e 30,3 milhões de ha irrigáveis no Vale. Considerando uma distância máxima de 60 km da fonte de água e uma elevação de até 120 m, o potencial irrigável cai para 8,1 milhões de ha; para distâncias e elevações menores, o potencial se reduz a 3,0 milhões de ha e, aliando-se os fatores restritivos (distância e elevação de água) aos usos múltiplos dos recursos hídricos do São Francisco, as possibilidades não ultrapassam 1,5 milhão de ha irrigáveis. Esse montante representa 4,2% das terras aptas à produção agrícola de sequeiro e 4,9% das terras aptas à irrigação. Verifica-se, assim, que as possibilidades de expansão das áreas aptas à agricultura de sequeiro, não computando aquelas aptas à pecuária e silvicultura, superaram bastante as possibilidades de expansão das áreas irrigáveis. Nesse sentido, a análise do potencial agrosilvopastoril em sequeiro do Vale recomenda o manejo integrado das terras e do sistema hidrográfico da Bacia.

Por outro lado, os grandes problemas financeiros que os investimentos em irrigação implicam e as dificuldades de recursos humanos para essa atividade, levam - sem menosprezar a evidente necessidade de irrigação, principalmente no centro e no norte do Vale - a reconhecer a prioridade no aproveitamento das potencialidades de crescimento em sequeiro, sobretudo nas áreas Alto São Francisco, Chapadões do Paracatu e Montes Claros-Januária, em Minas Gerais, e Guanambi-Paramirim, Oeste Baiano e Sobradinho, na Bahia.

Os estudos realizados pelo PLANVASF englobam uma área total de 691 mil km2 (69,1 milhões de ha). Tal área refere-se à totalidade do território dos municípios, mesmo daqueles parcialmente inseridos no Vale e não inclui áreas do Distrito Federal e de Goiás. Para aquela área assim definida, tem-se os seguintes usos: área de proteção ambiental de Piassabuçu, reserva ecológica do Raso da Catarina, região metropolitana de Belo Horizonte, águas internas e terras. As áreas de preservação atingem 0,1 milhão de ha (0,1% da área estudada); a área metropolitana de Belo Horizonte ocupa 0,4 milhão de ha (0,6%); as águas internas ocupam 0,6 milhões de ha (0,9%) e as terras propriamente ditas ocupam 68,0 milhões de ha (98,4%).

Esses estudos, no que se refere à aptidão das terras para agricultura de sequeiro, concluem que 52% (35,5 milhões de ha) têm aptidão - ocorrem 0,1 milhão de ha do grupo 1 (aptidão boa), 25,5 milhões de ha do grupo 2 (aptidão regular) e 9,9 milhões de ha do grupo 3, de aptidão restrita para as lavouras); cerca de 0,7% (0,4 milhão de ha do grupo 4) indicam utilização como pastagens plantadas, e os restantes 47,3% (32,1 milhões de ha) são inaptos, podendo ser utilizados como pastagem natural, florestamento ou manutenção de vegetação natural - terras do grupo 5, com um total de 20,8 milhões de ha podem ser utilizadas das seguintes formas: 13,3 milhões de ha com pastagem natural; 4,7 milhões de ha com silvicultura ou pastagem natural e 2,8 milhões de ha somente com silvicultura, e terras do grupo 6, com total de 11,3 milhões de ha, devem ser destinadas para a preservação da flora e fauna.

O vale do São Francisco, com seus 64 milhões de ha, possui cerca de 35,5 milhões de ha agricultáveis e 456 mil ha indicados para pastagens. Da área agricultável, 19 milhões são mais favoráveis, sendo que apenas 8 milhões de ha têm fácil acesso à água.

A pecuária, tradicionalmente conhecida como atividade produtora de carne e leite, desempenha importante papel no apoio à agricultura irrigada, pela produção de esterco. Esse adubo orgânico constitui um dos elementos nutritivos mais importantes em relação ao processo de produção conduzido nas áreas irrigadas. Como a agricultura irrigada vem sendo conduzida em reduzida articulação com explorações pastoris, a demanda de esterco, especialmente no Vale, é suprida de outras áreas, a custos elevados.

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