segunda-feira, 6 de julho de 2009

Frutas do Vale do São Francisco terão selo de indicação geográfica


Até o fim do ano, as uvas e mangas produzidas no Vale do São Francisco receberão um selo de indicação de procedência geográfica. O registro foi concedido em meados deste mês pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi). É a primeira vez que uma fruta recebe esse tipo de identificação no Brasil.
O pedido de reconhecimento foi feito pela Univale, associação que representa mais de 90% dos produtores da região de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). O objetivo é diferenciar as frutas produzidas no Semiárido nordestino. O submédio do Vale do São Francisco produziu 87% das mangas e 99% das uvas exportadas pelo Brasil no ano passado, o que representou cerca de US$ 200 milhões.
Os fruticultores buscam também estabelecer para a área um determinado padrão de qualidade, fixado pela própria Univale em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Segundo Maria Auxiliadora Lima, chefe de pesquisa da Embrapa Semiárido, as regras vão de cuidados com a produção a características finais da fruta, como coloração, tamanho e teor de açúcar. "A ideia é que só as melhores ganhem o direito de usar o selo."
De acordo com José Gualberto Almeida, presidente da Univale, inicialmente cerca de 30% das uvas e mangas do Vale devem receber a etiqueta de indicação de procedência por atender às exigências. "Queremos que, em breve, os consumidores não peçam frutas apenas, mas sim produtos feitos no Vale do São Francisco, por isso é fundamental investir na qualidade."
A Univale está agora se organizando para treinar os técnicos encarregados de avaliar os padrões de produção das fazendas. Também está sendo estudada a forma que terá esse selo de indicação geográfica.
Hoje, poucos alimentos e bebidas brasileiros têm o registro de indicação geográfica concedido pelo Inpi. É o caso dos vinhos do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, dos cafés do Cerrado Mineiro e da Alta Mogiana, em São Paulo, da cachaça de Paraty (RJ) e da carne dos pampas gaúchos.

Fenagri 2009 – Referência da hortifruticultura do Vale do São Francisco

A 20ª edição da Feira Nacional da Agricultura Irrigada (Fenagri) que este ano acontece de 15 a 18 de julho no Campus III da Universidade do Estado da Bahia - UNEB em Juazeiro, terá como tema “A Sustentabilidade na Hortifruticultura Irrigada do Vale do São Francisco – Cenários, Desafios e Perspectivas”. Como fonte de informação e divulgação das cadeias produtivas do agronegócio e das atividades culturais e econômicas local, a FENAGRI busca incentivar ações que intensifiquem o desenvolvimento da Agricultura Irrigada no Vale do São Francisco e em todo Brasil, através da valorização da cultura e sua integração. De acordo com o secretario de Turismo da Bahia, Domingos Leonelli a feira fomenta o turismo, diante da importância que o Vale tem hoje para o mercado mundial. “É importante que a agricultura alimente o turismo e o turismo alimente a agricultura. O Enoturismo hoje é uma realidade da região. É preciso agregar valor à produção, buscar conhecimento, novas tecnologias e inovação para o desenvolvimento do Vale do São Francisco”, ressaltou Leonelli. A Feira foi elaborada baseada em quatro novos conceitos, como o estímulo ao empreendedorismo, inovação tecnológica, negócios e difusão de conhecimento e tecnologia. O secretário de Agricultura de Juazeiro e coordenador do evento, Jairton Fraga explica que a Fenagri 2009 terá um formato profissionalizante. “Para este ano a feira pretende constituir-se num novo marco referencial de novidades tecnológicas que tornem o empreendimento agrícola mais produtivo, sustentável e socialmente mais justo. Mudamos também o local e o horário de funcionamento com o objetivo de resgatar o papel da feira que está diretamente ligado ao agronegócio”, evidenciou. As últimas novidades em produtos, tecnologias e serviços ligados a hortifruticultura serão apresentadas esse ano através de mini - cursos; visitas técnicas; rodada de negócios, Fórum de Logística, Seminário Internacional e Simpósio da Manga, reunindo os diversos segmentos do agronegócio, formados por lideranças empresariais; produtores rurais; técnicos; pesquisadores e instituições financeiras; locais, nacionais e internacionais. O evento é uma realização da Prefeitura Municipal de Juazeiro, da Associação Comercial Industrial e Agrícola de Juazeiro – ACIAJ, além de outros parceiros. A estimativa da organização é que durante os quatro dias a Fenagri receba um público de aproximadamente 60 mil pessoas e gere negócios na ordem de R$ 100 milhões.

Agricultores encontram saídas para a crise no Vale do São Francisco

A produção de frutas do Vale do São Francisco, concentrada especialmente em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), tem sofrido com a crise mundial. Por conta do cenário negativo, importadores europeus e norte-americanos suspenderam as compras antecipadas que financiavam a produção. Sem o adiantamento, que chegava a R$ 300 milhões anuais, os fruticultores reduziram a safra deste ano e demitiram empregados.



O presidente da Câmara Setorial da Fruticultura de Juazeiro e produtor de uva desde 2003, Ivan Pinto da Costa, conta que muitas áreas de produção estavam paradas aguardando recursos para o plantio. "De novembro até o final de maio fazemos uma reforma no parreiral para preparar para a safra. Sem os recursos, deixamos muitas áreas paradas", destaca.

Apesar das dificuldades, Ivan conta que os produtores já estão mais confiantes por conta de soluções que foram apresentadas pelo governo e instituições. No último dia 3, uma reunião em Juazeiro trouxe mais otimismo. "A partir do encontro, ficou clara a possibilidade de renegociação das dívidas de custeio e investimento com o Banco do Brasil", disse Ivan da Costa. Desde o final de janeiro, os produtores já tinham conseguido a renegociação de dívidas no Banco do Nordeste.

Outra saída que já está valendo é uma linha de crédito para capital de giro das empresas que exportam frutas. São R$ 200 milhões disponíveis no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Quem tomar o empréstimo tem até três anos para quitar a dívida. "Essa ajuda só terá efeito se o Banco do Brasil realmente renegociar as dívidas, porque para ter acesso aos recursos do BNDES temos que fazê-lo por meio de um agente financeiro", explica.

"Além disso, nossa estratégia hoje é usar a informação para diminuir o risco do nosso negócio", diz Ivan. Segundo ele, foi solicitado na reunião que a Secretaria de Agricultura da Bahia disponibilizasse semanalmente informações sobre o mercado europeu e americano. "Se soubermos como os mercados estão caminhando teremos como direcionar melhor as nossas frutas, inclusive explorando mais o mercado interno".

O gestor local de projetos de fruticultura do Sebrae, Rinaldo Moraes, também destaca que a Instituição está trabalhando para dar soluções aos produtores. Acesso a feiras e apoio para formação de parcerias para acessar mercados alternativos, inclusive internamente, estão entre as oportunidades apresentadas pelo Sebrae.

O Vale do São Francisco é o maior exportador de manga e uva do Brasil. Da região são enviadas para o exterior 105 mil toneladas de manga e 60 mil toneladas de uva a cada ano.